INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS E BEM-ESTAR: contribuições do pensamento Utilitarista Clássico para a Teoria Funcionalista das Relações Internacionais

Resumo

Este artigo tem por objetivo explorar a influência ontológica dos pressupostos e conceitos do utilitarismo clássico na teoria funcionalista das Relações Internacionais (RI). Propõe-se aqui uma discussão ensaística de natureza exploratória, tendo como estratégia de investigação o modelo de estudo de caso único de tipo heurístico através da Revisão de Literatura não-sistemática, sendo estruturada em três momentos. Inicialmente, é apresentado o utilitarismo clássico enquanto importante e influente escola de pensamento ético-filosófico do mundo anglófono no século XIX. Posteriormente, é contextualizada a teoria funcionalista das RI como corrente heterodoxa nos estudos de cooperação e integração regional. Finalmente, é discorrida a presença de definições e pressupostos utilitaristas no arcabouço conceitual da teoria funcionalista das RI. Argumenta-se, portanto, que a influência do pensamento utilitarista clássico na perspectiva funcionalista das RI corresponde a dois pressupostos-chave: (i) a ênfase na máxima liquidez de bem-estar das comunidades políticas nacionais em áreas ou questões transversais atendidas pela cooperação institucionalizada; (ii) e a instrumentalização tecnocrata e funcional das instituições internacionais como principal meio para alcançar um nível elevado de utilidade.